domingo, 18 de abril de 2010

Sermão Expositivo

MARCOS 12.41-44

INTRODUÇÃO:

Qual foi o valor de sua última oferta para Deus?

Grande parte dos apelos para contribuições financeiras hoje em dia enfatizam o valor da oferta. Ilustração: Alguns anos atrás ouvi um relato surpreendente de uma senhora que havia participado de um culto numa dessas igrejas que são regidas por apelos a contribuição material. Ela contou a experiência constrangedora de ouvir o dirigente (na hora do apelo à contribuição) sugerir que as pessoas levassem ao altar as chaves de seus carros, como demonstração de fé e na expectativa de uma retribuição generosa de Deus ao seu investimento. O pressuposto por trás de tal apelo perece ser que, o valor da oferta é determinado essencialmente pela quantia monetária doada.



Será que tal conceito é certo? O texto bíblico de Marcos 12.41-44 nos ajuda a responder essa pergunta e termos uma noção correta do tipo de oferta que Deus espera de nós. (Ler a passagem). Essa passagem nos ensina que...

I- "O VALOR DE UMA OFERTA É DETERMINADO PELA GRATIDÃO E PELA FÉ DO OFERTANTE."



Jesus destaca o real valor de uma oferta. Ele faz isso contrastando dois tipos de contribuição financeira devido: a contribuição de muitos ricos e de uma viúva pobre. Provavelmente entre esses "ricos" estavam os escribas e fariseus que Jesus combate no contexto dessa passagem enquanto ensinava no templo. Nessa denúncia Jesus chegou a mencionar práticas abusivas dos escribas contra as viúvas (v.40 - cf.tb. Mt 23.14) talvez aproveitando-se de atuações jurídicas para extorquir seus recursos e heranças. É muito provável assim, que suas observações junto ao gazofilácio tencionassem não só enaltecer a atitude da viúva pobre no gesto de sua contribuição como também demonstrar que, na avaliação divina, os gestos ofertórios podem revelar um valor que não corresponde com a quantia da oferta. Jesus encontra naquela viúva, um bom exemplo da prática do mandamento mencionado anteriormente sobre o amor a Deus (12.30), Assim, com esse registro Marcos reforça sua mensagem sobre o Messias-servo. Ao observa as pessoas ofertando no Templo, Jesus nos ensina que...







II- O VALOR DE UMA OFERTA É DETERMINADO PELA GRATIDÃO DO OFERTANTE:



Duas razões temos para concluir isso: Primeira, a condição de extrema pobreza da viúva (2 moedas de cobre eqüivaliam a centavos). Segunda, o fato de que sua pobreza era rovavelmente fruto da injustiça humana e do descaso dos líderes religiosos com sua manutenção.

Se as advertências de Deus quanto ao cuidado das viúvas (Is 10.1,2; Zc 7.10; Ml 3.5; não fossem ignoradas pelas autoridades e cristãos em geral, provavelmente não haveriam viúvas pobres como essa.



Contudo, a despeito dessa situação e com recursos escassos (1 quadrante eqüivale a centavos), essa viúva se preocupa em demonstrar sua gratidão através da oferta. Ela poderia estar murmurando agarrada àquelas duas moedas que talvez foram ganhas por seu trabalho. Mas sua oferta é gerada por sua gratidão a Deus. E essa gratidão não se baseava nas circunstâncias de sua vida ou na quantidade de dinheiro que ela possuía, mas no conceito que ela tinha de Deus. Ela tem consciência de que mesmo tendo pouco, ou nada, ela deve tudo a Deus, portanto Ele é digno de sua devoção e adoração. Como os crentes macedônios, sua profunda pobreza superabundou a riqueza de sua generosidade (cf. 2Co 8.2).



Aplicação:





Esse exemplo é uma tremenda exortação para todos nós que, como pastores e obreiros cristãos, lidamos com recursos escassos. O desamparo e o aperto financeiro não são empecilhos para uma contribuição generosa que demonstre nossa gratidão a e dependência de Deus.

Mesmo para aqueles de nós que tenhamos certa abundância material, o princípio continua o mesmo. A oferta deve ser não apenas generosa mas acima de tudo graciosa. É a gratidão como motivação que legitima nossa contribuição financeira como um ato genuíno de adoração a Deus.

Além da gratidão...







1. O valor de uma oferta é determinado pela fé do ofertante:



Um segundo princípio observado na passagem é o da confiança em Deus. A contribuição financeira motivada por gratidão vai ser expressa por fé. A viúva pobre demonstrou sua fé ao dar "tudo quanto possuía, todo o seu sustento" (gr. biovvvv" - v.44). Isso demonstrou sua confiança (fé) em Deus como seu provedor e sustentador. Aquele que é capaz de manter sua vida.

Ao dar tudo quanto possuía, a viúva se rendeu a Deus, entregando sua própria vida a Deus, o que se constitui na expressão maior da fé. Não existe virtude na pobreza em si, como alguns supõem. A virtude está em manter a confiança em Deus sendo rico ou pobre e manifestar essa fé numa contribuição sacrificial e proporcional às posses (2Co 8.3). Precisamos lembrar constantemente que o contexto de Marcos 12.41-44 é o confronto de Jesus com a justiça própria dos religiosos da época, bem como suas atitudes de rejeição a Cristo. A oferta da viúva pobre ilustra o tipo de fé que Jesus esperava ver naqueles a quem se manifestava. Seu gesto representava uma rendição inquestionável aos cuidados de Deus.







Aplicação:





A fé pode ter relação com a quantia que ofertamos, mas não é a quantia que determina o valor espiritual da oferta e sim a fé. O valor espiritual de nossa contribuição é determinado pela fé com que ela é realizada. Qualquer contribuição feita na expectativa de uma retribuição proporcional ou superior não é uma oferta genuína pois não considera a totalidade do caráter de Deus, e portanto não é exercida por fé. A contribuição apelada em muitas igrejas atuais é antropocêntrica em todos os sentidos. Não é oferta como retribuição mas oferta que exige retribuição e se exige retribuição é meritória (pressupõe merecimento de retribuição) e hedonista (pressupõe satisfações egocêntricas). Precisamos avaliar se nossas contribuições são exercidas por fé em Deus com aquela viúva ou por senso de justiça-própria com faziam os escribas e fariseus.



Conclusão:





Só Jesus era capaz de avaliar as contribuições que eram feitas no tempo, pois só ele podia discernir as motivações do coração. Assim como Ele observava "como o povo lançava o dinheiro no gazofilácio do Templo" ainda hoje ele observa e avalia o tipo de devoção que lhe prestamos.

Aquela senhora que mencionei no início ouviu um convite para "fazer um negócio" com Deus. Jesus Cristo nos desafia a uma entrega total de nossas vidas a Deus que pode ser expressa, dentre outras formas, por ofertas motivadas por gratidão e expressas por fé. Ele nos convida a seguir o exemplo da viúva pobre ao invés de aceitar o ensino dos "profissionais da lei". Ele nos desafia a adorarmos a Deus com nosso dinheiro, seja ele pouco ou muito. Contanto que haja gratidão e fé.

Contanto que seja na prática do principal dos mandamentos, o resumo de toda a lei - o amor a Deus!



(Marcelo Correia Silva)

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